O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse no Senado que será difícil o Brasil receber vacinas excedentes dos Estados Unidos. Segundo ele, o país norte-americano está aplicando uma legislação que tem dificultado a exportação de suas vacinas.

“Os Estados Unidos, portanto, não exportam vacina. Mas eles estão começando a construir um excedente de vacinas. A ideia deles é de que, enquanto não estiver toda a população vacinada, eles não exportarão”, disse o ministro. Ele, no entanto, afirmou que o governo brasileiro não fecha a porta para essa possibilidade, porque os EUA doaram doses para o México e Canadá.

“Eles já decidiram exportar, permitir a exportação de apenas 2,5 milhões de doses ao México e 1,5 milhão de doses ao Canadá. Enfim, números importantes, mas, de certa forma, modestos em comparação com as populações. Mas nós estamos tentando, com os Estados Unidos, fazer parte dessa exportação, claro, porque qualquer milhão de doses ajuda a fazer a diferença”.

Araújo participou hoje (24) de sessão de debates do Senado, como convidado a informar as políticas da sua pasta no combate à pandemia. Ele citou os esforços do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, em obter doses extras daquele país, bem como contatos que o Itamaraty tem tido com a embaixada estadunidense. Para ele, a iniciativa dos presidentes dos três poderes de criar um comitê de crise vai ajudar nesse esforço. “Precisamos trabalhar em conjunto sempre”.

Durante a sessão, que durou cerca de cinco horas, ele foi questionado sobre as relações do Brasil com China. Afirmou que estas relações são boas e leu uma mensagem do ministro das Relações Exteriores daquele país a ele. Na mensagem, o ministro chinês afirmou que aquele país está disposto a facilitar as negociações para obtenção de insumos e vacinas.

O chanceler brasileiro foi criticado durante toda a sessão. Os mais moderados, pediam uma mudança na condução das relações internacionais do país. Outros, pediram a Araújo que se retirasse do cargo. “Ministro, o senhor não tem mais condições de continuar no Ministério das Relações Exteriores, e, ao contrário do que alguns pensam, não é para criar uma crise, mas para acabar com a crise”, afirmou Tasso Jereissati (PSDB-CE). Nesse mesmo sentido, se manifestaram Mara Gabrilli (PSDB-SP), Jorge Kajuru (Cidadania-GO), Simone Tebet (MDB-MS), Fabiano Contarato (Rede-ES) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

O ministro defendeu sua atuação diante dos senadores. “Estamos reformando a nossa política externa para que ela se torne muito mais dinâmica, para que ela traga investimentos, empregos, abertura ao mundo para vencer o Brasil nas cadeias globais de valor, para que possamos defender a nossa soberania”.

Ele também lembrou a colaboração do Brasil no consórcio Covax Facility, com o aporte de US$ 148 milhões, em uma iniciativa que vai ajudar também países sem recursos para comprar vacinas. E discordou dos senadores que afirmaram que ele “atrapalha” a obtenção de vacinas pelo Brasil. “Nesse momento eu tenho certeza que a minha atuação tem gerado tudo aquilo necessário para o nosso programa de vacinação”, respondeu.

Convergência

Na abertura da sessão, Pacheco lembrou a criação do comitê de combate à covid-19, na manhã de hoje, e destacou a importância da “construção de pontes” e da união pela convergência. Para ele, haverá o ambiente próprio para dirimir as divergências.

“As divergências não podem se sobrepor às convergências nacionais, as divergências serão dirimidas no momento certo, com a maior rapidez possível, através de instrumentos, inclusive, eventualmente, de judicialização, como existe já judicializadas essas divergências perante o Supremo Tribunal Federal”, afirmou o presidente do Senado.

Agência Brasil

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