O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM), decretou a prisão do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde (MS) Roberto Ferreira Dias, por perjúrio.
Na avaliação de Aziz, Dias mentiu à CPI, mesmo tendo jurado falar a verdade. Mesmo sob protestos de alguns senadores e da advogada de Dias, presente à reunião, o ex-funcionário do MS saiu da sala acompanhado pela Polícia Legislativa.
Dias foi encaminhado pela Polícia Legislativa para a delegacia do departamento, no Senado. Lá, é fixado o valor da fiança.
O ex-diretor negou ter pedido vantagens a Luiz Paulo Dominguetti para a aquisição de 400 milhões de doses de vacina contra a covid-19. Ele também negou ter marcado um encontro com Dominguetti, vendedor autônomo da empresa Davati Medical Supply, em um restaurante de Brasília. Segundo Dias, o encontro foi acidental.
O surgimento de áudios, na tarde de hoje, vazados pela imprensa e divulgados na CPI embasaram a decisão de Aziz. Os áudios mostram uma conversa de Dominguetti com outra pessoa, na qual ele confirma o encontro com Dias no dia 25, quando ambos estiveram juntos no restaurante.
“Ele está preso por mentir, por perjúrio. Estamos aqui pelos que morreram, não estamos aqui para brincar não. Isso que está acontecendo não vai acontecer mais. E todo depoente que estiver aqui e achar que pode brincar terá o mesmo destino dele”, acrescentou o presidente ao confirmar a decisão, apesar da tentativa de colegas de reverter a prisão de Dias.
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) foi um deles. Ele entendeu que a decisão deveria ser revista, já que não houve prisão decretada para outros depoentes. Otto Alencar (PSD-BA) também foi contra a prisão.
Segundo o vice-presidente da comissão Randolfe Rodrigues (Rede-AP), um pequeno grupo de senadores, incluindo senadores da base do governo e da oposição, tentaram uma negociação com a defesa de Dias, para ele trazer fatos concretos em troca de não ser preso. Mas não houve acordo.
“Consideramos lamentável [a postura de Dias]. Achamos que o senhor Roberto poderia contribuir muito com essa CPI”, disse Randolfe. “Ele colaborou muito pouco com a comissão. Talvez a maior colaboração foi dizer que Elcio Franco [secretário executivo do MS à época dos fatos] é o responsável pela compra”. Randolfe disse esperar que a prisão de Dias tenha “efeito didático” sobre os próximos depoimentos.
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